domingo, 20 de janeiro de 2013

Leve todo meu cuidado


O sol incomoda meus olhos,  meus dedos se enrrugam em água, o café estimula meu olfato
Sensível ao mundo? Homem receptor das sensações

Sorrio com os olhos mesmo que cego, enxergo prazer banhado em tédio, sorrio e me desvio.
Sensível ao mundo? Homem poeta, homem camaleão das emoções

Estou escudado, quebrei meus espelhos, não reflito nada e tudo me incide. Raios do sol atrapalhando minha vista mas finjo sentir gosto de café e-ainda que não goste da bebida- meu corpo,por sua vez, imita delírios.
Exponho me a diversas sensações mas não as deixo transparecem em emoções.
Esse sou eu mas não me interesso e não me interessa. Vamos falar sobre ele.

Exposto ao sol se queima, se grita, se incomoda, sente! Infla sob a água. Saqueia plantações de café. É a intensidade em expressão. É o espelho. Reflete e inspira e me tira cuidados.
Esse mundo não merece tanta reflexão e inspiração. Leve todos meus cuidados e se fará cuidado

Lucas HRS

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

                             Vir e continuar barro


Eu, ainda, posso me lembrar com detalhes e aromas de minha tia do Paraguai. O nome dela era Lena, mas a certidão de nascimento e os outros a chamavam por Madalena- sempre achei isso muito estranho. Era ela uma moça bem dada, se tratava com todos homens da rua. Diziam que ela fazia de tudo... talvez essa caridade viesse das horas e horas passadas na igreja pedindo ao menino Jesus que a tirasse daquela vida barrenta.

    Era lavadeira porque tinha cheiro de amaciante. Nascera com aquele cheiro. Cheiro da casa de dezenas de gerações... todas nascidas em casa.. todas oriundas da alfazema ou lavanda. Embora não fosse muito de falar, quando o fazia entregava seu ofício já nas primeiras sílabas. A voz era macia. Para mim, uma maciez confortante de tia Lena, para o resto... a doçura, textura, a entrega de Madalena.

    Certa vez quando ela voltava da casa do seu Olavo, com duas chicórias em meio aos braços fortes de lavadeira, uma galinha magra na mão esquerda e meu litro de leite seguro na mão direita, os homens cambaleantes do bar a tratavam por nomes pouco amaciados, sem nenhum cheiro de lavanda ou alfazema... e a coitadinha apressava o passo e corria como mãe e suplicava ao Menino o perdão e sentia culpa e sentia náusea e caiu. Caiu perdoada

   Em uma vez certa, contaram-me  o porquê de a chamarem de Madalena. Motivo era simples: titia havia nascido com cheiro de pão e água. Nasceu na casa de pobres... cheirava o pão que dezenas de gerações haviam comido...todas nascidas em casa de barro embora todas vindas do barro... mesmo barro das ricas beatas que dormiam na missa enquanto titia calejava seus dedos com o terço velho herdado de minha mãe.

   Quando minha vida foi ganhando gênero e perdendo o meu roteiro, descobriram em mim uma  mulher encoberta pela criança. Tive que apressar essa descoberta depois que minha tia morreu e foi viver junto a minha mãe. Com o amanhecer de meus traços de mulher, os cambaleantes das esquinas já se sentiam à vontade para me chamarem de Madaleninha e soltarem seus fétidos desejos em minha direção.

   Aceitava lavar as roupas das senhoras da vila, aceitava ter cheiro de lavanda, aceitava ter a varanda como meu único refúgio... ver as crianças brincando, os carros passando, as mulatas sambando.. aceitava ter vindo e viver no barro.. só não me conformava com a hipótese de me tratar com os homens da rua.
  Nascera o filho de minha irmã doente... e minha irmã foi viver junto à titia e mamãe...

 Com braços vazios, mãos vazias e braços fortes de lavadeira e uma criança em casa chorando por fome, desci aquela rua com pernas apressadas e olhos inundados e  apegada nas orações e tomada pela náusea...os homens com idade de avô se alimentavam pelos olhos... se satisfaziam pelo meu desespero...

-Olá, avô!
...........................................................................................................................................................................  ...
Com o litro de leite na mão direita, só pedia ao Menino para me levar junto à mamãe e titia... só pedia que me trouxesse vida... 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A minha triste metalinguagem


          Convido-lhes a observarem os fins de meus poços de transpirações poéticas, pois como sempre digo:   não  escrevo  por escrever, as palavras somente não se contém dentro de mim... extravasam promovendo assim um controle não biológico mas psicológico... no mais das vezes, mais psico que lógico.
Enxuguemos as delongas e partamos ao que interessa!
   Creio que pelo meu comando, no início dessa fonte metalinguística,  todos buscaram na memória o modo pelo qual completo meus textos... e não acharam... e também não acharam ao ler.. e também não achariam se penetrassem minha mente...  Confesso-lhes: Nunca soube escrever bons finais...  talvez o argumento que tente explicar esse fato seja um tanto prepotente mas é o único que encontro no momento. Finais são felizes ou tristes porque se forem médios não são finais e sim pausas para futuras continuações... (precisamos do teor mexicano quando finalizamos algo). Se forem médios o indivíduo não tem motivos para correr atrás do prejuízo ou para buscar mais felicidades... E é na busca de um final feliz ou triste que encontro dificuldades ( NUNCA gostei de filmes com finais felizes) Enfim, nunca presenciei a morte... ainda não perdi alguém a quem depositei grande afeto... (lembrem-se, preciso esquentar-me de sensações para suar emoções, palavras).
Mas você não é o menino dos sorrisos? Dos amigos? O menino simpático?  Você vive as felicidades, custa bota-las pra fora?  
Já assistiram ao Palhaço? Pois bem, se você não o viu, analise o meu alterego dos sorrisos ( o personagem sem ventilador para quem assistiu ao filme)  seria muito comum, muito fácil, muito MÉDIO para alguém tão feliz ter um final, simplesmente, feliz... e para quem mergulha no dia a dia em felicidade qual seria a graça de reconhecê-la ? Ainda mais a minha que se manifesta em bolos e tortas.  Entretanto, para quem conhece o personagem provido dos verdadeiros ventiladores.. o ventilador concreto e não somente o dos desejos entenderá que ainda resta muito, na verdade, muitíssimo tempo para deixar de pensar na intensa felicidades dos outros e colocar a minha em primeiro lugar.. portanto o final feliz não seria um final e sim uma previsão...  
E então, se alguém tiver uma ideia para finalizar esse desabafo, mande ao meu email.
 TCHAU!!!






quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Banana

É o quarto produto alimentar mais produzido no mundo.
Devido ao alto teor de potássio, as bananas são levemente radioativas, isso se deve à presença do isótopo radioativo do potássio-40 (40K) mas isso já é coisa de outros Lucas... Pois bem, a banana pode também representar um gesto de grande impacto feito por nós quando crianças... o que gosto de ver é a semelhança do gesto com a banana.  De um jeito Globo Repórter de ser, a casca da banana contem vários minerais e tipos de açucares podendo ser acrescentada às refeiçoes não deixando o bom paladar de lado...como disse, jeito globo repórter... mas a Banana também é falso fruto, tem bastante semente e é amarela de uma cor diferente da do sol, pois além de não iluminar nada, ela tem manchas pretas..que são detritos de microrganismos.
Pois bem, a menina dormiu tarde, acordou cedo, foi à escola, dormiu à tarde, acordou cedo, ainda tinha sol e fez banana flambada... banana radioativa, super disputada, falsa, gesto infantil e bichada.. tirou a casca, deixou no chão.. levou um belo escorregão e lembrou do suco de casca de banana com maçã que não teria a deixado cair ...foi ao quarto e resolveu estudar as tais leis do alfa, beta e gama...e nunca mais se esqueceria que K não é o sinal  de cálcio, pois se fosse assim não teria quebrado a perna, mas isso já é coisa pra outra menina, a médica talvez.

sábado, 15 de outubro de 2011

plateau

O justo meio, o meio termo,  nem quente, nem frio...o momento da dúvida tanto sobre as possibilidades do futuro quantos sobre as incertezas do passado... o equilíbrio mais desequilibrado de nossa vida. É, essa é a nossa fase plateau.  Por trás dos nossos sorrisos encontram-se os flashes de um passado brilhante.. a primeira amizade, as primeiras festas, o primeiro dente que caiu, os segundos, os terceiros até chegar no agora... analisando a bela tela do passado, com as pinceladas mais fortes e decididas, sem o medo de errar... hoje a tela de minha vida seria a mais cubista possível.. cheia de métricas, exatidão, perfeição.. mas também seria a mais impressionista...impressão sua, pois tentamos controlar a vulnerabilidade da fase com a máxima positiva de que tudo dará certo ao fim... às vezes não dá... às vezes nossa realidade não corresponde às expectativas, mas mesmo que isso aconteça ainda teremos em mãos as tintas o pincel e a tela.. lembra a tela do passado que disse? sim ela mesma que nos servirá de exemplo e alicerce para viver.. valeu a pena caprichar na tela... está chegando a fase que procede o plateau.. o Big Bang de nossa vida... a faculdade... por um lado a mais desejada dos nossos últimos anos, por outro, é o solvente que vai borrando pouco a pouco a tinta do sorriso de nossos amigos, de nossos pais... O que fazer?  viver de passado? viver do agora?   viver! e agora?  só nos resta, seguir ao fim desse ato, encontrar o fato, deixar de lado às expectativas, as comparações, os medos da incerteza, seguir em frente... pois, ao contrário do que disse, e pelo titulo que fiz questão de colocar letra minuscula,  o plateau não é um único momento de nossa vida,é o constante viver,  sempre estaremos prestes a chegar ao orgasmo da vida, a decisão que deve ser tomada, a reflexão sobre a beleza e efemeridade do passado, a tinta e o pincel na mão esperando que se pinte o mais belo desfecho, ou inicio de um novo momento...

domingo, 11 de setembro de 2011

Des.. equilibrio, preparo, envolvimento, continuo, conexo, estimulante

    Olha, mas naquele jardim tinha vista até para a chaminé... é... a fumaça que saia dali tinha vermelho em seu cinza...tinha cheiro forte... cheiro de sabão.. Ah! devia ser  corpos dos soviéticos queimando...nada de mais, além do mais , em que um mané com papo de igualdade social serviria no mundo, senão deixando nossas mãos mais limpas?
    Mas no jardim também tinha meninos, meninas e pijamas listrados ,bem para lá... tinha bastardos... sem gloria, mas ainda não eram inglórios... tinha a tal bandeirinha do homem vitruviano em uma perspectiva cubista... mas sem aquele monte de perna ou braço... sem as perspectivas.. era tudo ariano... para que levar em conta a impressão de mais de um grupo? Se fizéssemos isso,estaríamos caindo no papo do pessoalzinho do começo... 
   Agora me diga, se a pessoa que trabalha sem chorar, apanha sem chorar ... morre trabalhando e apanhando mas ainda assim, sem chorar, não é mesmo insignificante?... tais como os escravos, ou como as mulheres que apanham de seus maridos... Nós não choramos viu, acho que devido ao tempo seco, e  nós não apanhamos de ninguém nós somos foda... agora eles... não passam de a gente... por isso, coisa da seleção natural, precisam de rédeas... e isso não é síndrome do pequeno poder, pequeno, rum... meu caro amigo, leve a sério os traços de Mercator... somos grande, poderosos e desenvolvidos... gosto tanto do som dessa palavra. Desenvolvidos!! parando pra pensar  nunca parei pra pensar no que está na cara da palavra.  Seria ela aquilo que já esteve envolvido e agora é des... Ah não, isso é ser ex... teria relação com o número dez? de envolvimento nota dez? Acho que não tem relação nenhuma com envolvimento!   Onde estava mesmo? ah sim! Viva a Alemanha, viva o nacionalismo, viva o futebol, e viva a corrupção brasileira! 
    E o papinho chato do jardim? O jardim tinha flores com cheiro de fumaça, grama com cheiro de fumaça e gente com cheiro de desgraça! Mas tem algo novo, a grama do nosso jardim fazia fotossintese, diferente das do vizinho...
    Relato chato esse heim, santo deus, quem chegou até aqui merece uma recompensa... vou contar uma piada.O que é um pontinho verde em cima de um trem...  Não, que piada o quê? tenho que falar do jardim, da corrupção brasileira, do futebol, mal das condições do Brasil pra receber Copa, Olimpíadas; rezar um pai nosso! Meu deus, esqueci de ir a missa às 6:30, Dona Nair deve estar falando mal de mim.
   Pois bem,   sou rico, sou branco, sou capitalista, sou católico, apostólico e romano, só não sou eu mesmo! Pra falar a verdade nunca fui...minto, fui sim, mas sempre que me encontrava era por de baixo da uma máscara...
   Em um jardim cinza, que não era meu, repudiei a grama do vizinho, mesmo sentindo o cheiro da fumaça do outro, fiz-me indiferente, e além de tudo menosprezei os feitos. Escudei me em argumentos prontos, doutrinas tiranas, clichês.. fui na argumentação desequilibrado, despreparado, descontinuo, desenvolvido... ops.. sabia que essa palavra não se encaixava no padrão... Eureca! Nem tudo que parece designar o contrário o que se desvia da conduta o é... regras generalizantes são falhas, o jardim era verde, o ar era limpo, a fumaça era da churrasqueira, o sabão de côco, o escravo injustiçado, e eu sensato.. Ah se as pessoas tivessem colocado o desenvolvimento na hora certa, teriamos um mundo mais igual, exato, igual às pessoas do começo! 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Vincent

             

 Vincent, o menino das poucas palavras, dos poucos gestos, embora de  poucos pouco. Não se parecia muito aos meninos da vila, brincava com carrinhos e outra parafernálias, mas o que gostava mesmo era de abrir... livros, cartas e corpos....mas calma, eram corpos de insetos..insignificantes... a vizinha pobre e seu tio quase morto. Entenda como quiser, Vincent não era pra ser entendido!   Vivia junto a sua tia, que o criava devido à morte de sua mãe tísica. Ele não chorou muito quando soube da ida de sua mãe a um lugar calmo e tranquilo de onde  poderia vê-lo sempre, pelo contrário repudiou a história falha e mal contada, transferindo toda saudade que sentia de sua mãe a um ódio quase mortal a tia das verrugas. Entrou tarde na escola, com quase dez anos, mas já sabia contar de zero a cem...acho que até mil... ou milhão... não sei bem, só sei que ele matou um formigueiro inteiro, gostava de contar formigas... e não tinha culpa de elas andarem  tão rapidamente com suas perninhas curtas de um lado pro outro atrapalhando a conta até que eles a matassem. Matou umas mil... Na escola era amigo de Ernest, um garoto parecido com ele só que tinha mãe, pai, amigos e mãe e pai.. tinha felicidade, do resto era parecido com Vincent... Ah! os dois tinham cabelo curto e sem piolhos! Já era motivo bastante para não arremessar bolas de papel no amigo na hora do descanso. Ernest era um menino bastante falador, bastante pensador, de muitos gestos, e muitos pouco... era pouco...era igualzinho os meninos da vila, embora se parecesse a Vincent, que por sua vez não se parecia a ninguém..Tinha mãe saudável, tia rica e da capital, tio fazendeiro....queria estudar Biologia e defender os animais... só pensava em advogar quando lembrava que na faculdade de biologia teria que abrir os bichos... Matemática nunca pensou pois apesar dos quatro anos de escola não sabia ao menos contar até dez.. tinha só nove anos... Não era de perceber muito coisas a sua frente... era pequeno demais pra sua idade! Acho que precisava de médico ou Biotônico...