domingo, 3 de julho de 2011

Terra medida a cumprimento


                    Bom dia?  Sem custo
                 Boa tarde? De monte
                 Boa Noite? Pra quê? Se hei de ver o sol raiar com você!

 O pão, o leite e a manteiga, em uma só mão, liberando a direita pra cumprimentar o Zé da feira, que com sorriso estampado vem lá da rua do coqueiro de sombra ,  umas duas abaixo    da minha, trazendo no enlaçar ds braços sua dama, a Teresa, sim , a mesma que ajuda o padre Bento da capelinha das cruzes.  Seu Zé logo chega à mercearia, faz seu pedido,o mesmo que o meu, só aumentando um litro de leite, e como de costume, equilibra sua compra em um  dos braços, assim, facilitando o cumprimento. Cumprimento esse, que atrai os olhos de estrangeiros,uma vez que, é exaltado e efusivo, um abraço de grande amigo com um sorriso medido sem comprimento, expulsa rancores passados, inicia o dia como se o ultimo fosse.  Bom dia, senhor!

 Saindo do estabelecimento ainda como um equilibrista , deparo me com o ônibus da escola, que fica a dez quadras de meu sitiozinho, aceno a mão às 3 dúzias de criança e recebo em troca o sorriso de todas elas, e logo aviso a todas  da festa que à noite ocorrerá no sitio de seu Joaquim.
Convite aceito e reiterado,  as crianças hão de vir. Já aproveitei  para passar na vendinha das hortas e comprar da vagem mais saborosa da região, virei a esquina pra pegar uns doces pra criançada. Voltei, pra minha casa, temendo a um grito de volver, pois como já disse, sou da terra do cumprimento e não posso negá-lo mesmo estando com as mãos cheias de produtos das vendas.

 Almoço, sono, cama, não! Não!  Sem cama.  Molho o rosto para acordar e despachar o cansaço.Hoje há muito trabalho a ser feito. Volto a molhá-lo. Pego as ferramentas e rumo ao sitio distante de seu Joaquim. Levo os doces da criançada também. Boa Tarde ao padre Bento, rendeu--me uma carona até a festa. Chegando lá, o mutirão de amigos do bairro erguia a barraca de pesca, já fui armando a dos doces. O padre Cícero do bairro das pitangueiras inicio uma conversa com o Bento, e só veio a terminar quando o céu ameaçou chover e tivemos que agilizar. Ameaçou mas não choveu , agradeço a Deus. Cumprimentei todas as religiosas da barraca do milho e aos jovens da barraca das maças adocicadas. Estava quase terminando a barraca, quando chegou minha senhora com o bolo de fubá que atraio a atenção olfativa de todo sitio.  Bom final de tarde minha mulher!

 É Noite
A criançada chega, é riso pra todo lado, riso que faz a alegria de todos . As barracas muitíssimo  disputadas, doce em montes. As freiras cantarolavam  hinos da igreja, às vezes atropelavam umas as outras, mas o coro era belo. Os dois padres prosseguiam no papo,enquanto ao ritmo das palmas minha  esposa dançava com meu cunhado. Era uma grande festa. É ! uma grande festa.    Distancie-me um pouco pra respirar.
Parei para pensar na vida, e percebi que vivia em uma terra na qual o sentimento regia os seres humanos, uma terra sem muita fineza sem burocracia, uma terra sem comprimento... ( continuação....)

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